Pica-Pau

O Midia Secreta analisa o clássico de todos os tempos, desenho de Walter Lantz que até hoje cativa gente de toda idade, conheça as intenções por traz da história que ninguem nunca te contou!

O Big Brother

Já está no ar, o Mídia Secreta irá mostra a verdadeira intenção de um dos programas mais famosos e vistos no mundo!.

Chaves - Uma lição de vida!

Conheça os segredos da série do Menino do Oito!.

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Acompanhe o Mídia Secreta, em breve analisaremos os filmes mais conhecidos e polêmicos de todos os tempo.

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Você é daqueles que acredita que nada é por acaso? pois é, nós também! então fique esperto e descobriremos juntos oque a midia tem tentado nos mostrar atravez dos seriados.

23.3.11

Nárnia – muito além de uma fábula ou um ensinamento cristão.

Hoje analisaremos um dos clássicos das fábulas conhecido em todos os países: As Crônicas de Nárnia. O livro escrito por Clive Staples Lewis, mais conhecido como C. S. Lewis possui o conjunto de 7 contos para crianças que narra a história de aventuras em um mundo paralelo.  Em um primeiro olhar entendemos as crônicas como a bela história do leão e das crianças que passam por aventuras em um mundo criado por eles mesmos talvez numa tentativa imaginável de fugir dos problemas do mundo real. Uma visão mais apurada encontra na história a intenção do autor sobre a educação cristã que inclui todo um sentido moral. Entretanto, em uma análise profunda, descobrimos simbolos e sinais ocultos de carater misticos e sociais, vejamos bem:
O primeiro conto do livro da saga se chama “O Sobrinho do Mago” que narra as peripécias de um menino que vai morar na casa dos tios e acaba se envolvendo em travessuras. Digory conheçe a vizinha, menina Poly, e juntos descobrem que o Tio André realiza experimentos “mágicos” em um quarto secreto da casa onde mora. Tio André é um senhor de carater hermético e trabalha com um tipo de alquimia, sua  pesquisa se resume na busca de universos paralelos ao nosso, então ele cria “anéis mágicos” que podem transportar seu usuário para tais lugares. As duas crianças, secretamente, entram na sala proibida de tio André e acabam sendo transportados para um grande bosque cheio de lagos, aonde descobrem que cada lago é uma “porta” para um mundo diferente. É pela curiosidade que as crianças chegam até o mundo [em ruínas] da Rainha (ou feiticeira) Branca [Jadis] e, pelo mesmo motivo, a libertam de sua maldição. A Feiticeira acaba seguindo as crianças para nosso mundo (Londres) e arma uma bela confuzão até que um acontecimento muda tudo: algo reluzente e uma bela música transportam os personagens de Londres a um local novo que acabara de ser criado – Nárnia!!!  Nesta nova terra todos conheçem o Leão e os animais falantes, inclusive um cavalo que foi transportado de Londres também começa a falar. Em Nárnia, recem criada, o menino Digory descobre a existência de um fruto mágico (maçã) que é capaz de curar todos os males do corpo, é o fruto da eternidade. O menino precisava do fruto pois sua mãe estava doente e mais que tudo ele queria ver ela curada, portanto o não era permitido roubar tal fruto do lugar encantado, várias vezes ele foi tentado pela feiticeira a roubar o fruto... No final a bruxa come do fruto e se torna mais poderosa e imortal. O menino resiste e do fruto sagrado é retirado as sementes e plantado uma nova árvore, acessível a todos os animais falantes e também aos humanos que reinavam em Nárnia.      Neste breve resumo da história acima ja conseguimos identificar algumas referêcias simbológicas que o autor usa: 
 1.º dois humanos, crianças, um do genero masculino e outro feminino, uma apologia a “Adão e Eva” -  pois os dois “descobrem” a sala proibida e acabam por curiosidade usando a magia e assim libertam o Mau (A Rainha ou feitiçeira, falaremos mais dela em seguida);
       
 2.º o autor faz apologia ás 11 dimensões do universo, que é um ensinamento indiano não cristão porém de carater religioso (pra quem ler ou leu o livro é pode reparar que fala também que o pai de Digory está fazendo pesquisa na Índia por isso ele mora com a tia) quando é retratado o bosque sendo o “corredor” que leva, através de lagos, as pessoas a cada uma dessas dimensões (inclusive uma idéia muito parecida é passada no filme “Bele verte” - recomendo).
      
 3.ª  o tio cria “anéis mágicos” para conseguir passar pelos portais - Idéia muito parecida com a de J. R.R. Tolkien  (autor de Senhor dos Anéis). Interessante saber que os dois autores eram muito amigos e os dois eram cristãos fervorosos, relatos em seus próprios livros e bibliografias falam que muitas vezes eles se reuniram para torcar idéias para as suas histórias. Essa passagem do “anel”, assim como no clássico “Senhor dos Anéis”, remete a história biblica do Rei Salomão onde seu suposto testamento descreve que poderia controlar todo o tipo de demonio atravez de um Anel recebido do Arcanjo Miguel.
       
 4.º  O Leão, nesta passagem, já representa a criação: Cristo! “O Leão de Judá” (descrito no livro de apocalipse)! O animal, juntamente com a Música (OBS. a música é também a base da criação nas obras de Tolkien) cria todas as coisas do novo mundo Nárnia – na biblia, em 1.° João fala sobre a criação, sobre “o Verbo” estar com Deus no ato da criação. Ainda que o nome “Aslam” não deve ser mera coincidencia sendo pois o termo “As” significa “Maior” e “Lam” significa “Cordeiro” [Jesus = “cordeiro” de Deus]. Bonito também foi é a contradição entre o animal e o nome: Leão [força e poder] versus Cordeiro [fragilidade e simplicidade].  
5.º podemos, neste caso assim como na bíblia, entender o fruto da eternidade ( que também é uma “maçã”) como o conhecimento. Indo mais além, na história do livro, podemos dizer que o fruto pode ser o exemplo da tecnologia, já que a história fala de Londres no século 19, a “maçã” era algo que poderia curar a mãe do garoto e que também garatiu mais poder a “feiticeira”.
O segundo conto é mais conhecido, foi transformado também em filme: “O Leão, a Feitiçeira e o Guarda-Roupa”. História que mostra as aventuras de 4 crianças em Nárnia, são elas: Lúcia, Pedro, Edmundo e Susana. As crianças encontram uma passagem para o lugar encantado e lá conceçem animais falantes e lutam contra a Feitiçeira ou Rainha Branca que era a grande ditadora que fazia todos infelizes. As crianças tem ajuda do grande Leão que também acaba se sacrificando por um erro cometido por Edmundo, mas que ressucita para concluir sua missão.
             Essa parte é muito óbvia tanto no livro quanto no filme. Um ensinamento cristão representado em fábula. Começando pelas crianças, alguns podemos decifrar de cara pelo nome como “Pedro” – também foi o nome de um dos doze apóstolos, especificadamente o que se tornou o primeiro Papa, fundador da igreja romana; “Edmundo”, que na história foi o traidor e foi por ele que o Leão se sacrificou, lembra Judas e também traz consigo um significado simbólico: seu nome é a chave, as letras “Ed” derivam do latim onde “Et” ou “Ed” significam o termo “Ao” logo seu nome todo “ED-MUNDO” significa “Ao Mundo” então entendemos pra quem o Leão fez o sacrifício e mais uma vez há a ligação com Jesus Cristo, pois também há a ressurreição na história. Já com as personagens Lucia e Susana não conseguimos identificar uma ligação assim de cara, porém depois de entender a história podemos enchergar nelas a minuciosa representação respectivamente de Maria (mãe de Jesus) e Maria Madalena – a primeira foi a que recebeu Jesus, assim como Lúcia foi a primeira que chegou em nárnia e a primeira a ver o Leão; A segunda como a discipula mais dedicada, que viu o Leão morrer e ressucitar. Lúcia também representa a fé, pois nunca ela desiste de seu idéal e não deixa de acreditar na vinda do Leão. A Rainha Feitiçeira Branca, ateriormente citada como “o mau”, nada mais é do que o pecado, ela tem todas as caracteristicas dos pecados capitais: A Ira, a gula (demonstrado também quando ela ludibria Edmundo com um manjar dos deuses), a inveja (do leão e de suas maravilhas), o orgulho (se auto intitula “rainha”), a avareza (totalmente apegada a seu poder) e a luxuria (é vista por por muitos na história como portadora de uma beleza rara), entendemos assim também por que quando a feitiçeira chegou em Nárnia o Leão discursa a todos que o mau havia se infiltrado naquele mundo.
         
 O conto “O cavalo e seu menino” é algo bem mais sutil, que descreve a angústia de um cavalo que era falante mas foi obrigado a viver num lugar de animais mudos bem como a história de um menino que era principe e não sabia. Os dois querem voltar pra sua verdadeira casa. Entendemos que o “Cavalo” – animal que também aparece no primeiro conto -  é a representação do Trabalho ou o trabalhador (essa representação também aparece no clássico “Revolução dos Bichos” de Geoge Orwell), visto que o animal é oprimido, não possui liberdade [para falar] portanto vive triste. O menino neste conto representa o humano que vive na desgraça e não conheçe o verdadeiro “Rei” que tem dentro de si – “eu rei de mim”.  Uma lição moral também no que se trata dos dois buscarem sua origem, o Leão também aparece como um protetor na jornada dos personagens.
Em “O Principe Caspian” que também virou filme, é tratada a volta dos 4 irmãos – Pedro, Edmundo, Lúcia e Susana -  a terra encantada, após ter passado cerca de 1300 anos no tempo de Nárnia (no tempo do nosso mundo passaram apenas 2 ou 3 anos). Esse conto expõe o esquecimento das tradições da terra encantada, até que um novo “guardião” surge – Principe Caspian! O rapaz invoca as crianças do mundo real para ajudar na tarefa de trazer a antiga Nárnia de volta. O Leão aparece para auxilar na batalha de animais falantes, humano contra outros humanos descrentes. Na história aparece um personagem muito engraçado que chama atenção que é o corajoso rato “Ripchip” que perdeu a calda mas acabou ganhando novamente por um milagre concebido pelo Leão. É aí que Pedro e Suzana saem da história, para as próximas idas e vindas o Leão avisa que, dentre eles, só Lúcia e Edmundo poderão voltar a terra encantada.
     
 Analisando, encontramos nesse conto mais ensinamentos biblicos:
1.° o tempo em Nárnia passa mais rapido que em nosso mundo real – na biblia, em 2.ª Pedro diz “Um dia para o senhor é como mil anos e mil anos são como um dia” .
           
2.° “Principe Caspian”, com todas suas virtudes, faz apologia  aos anjos, até da forma como é colocado “Príncipe” que defende a criação viva e se torna o novo guardião, remete a “principado” termo usado para designar tipos de anjos.
           
3.° o rato “Ripchip” demonstra passa a mensagem “não julgar pela forma” visto que o ratinho, mesmo pequeno e parecendo indefeso, é o melhor espadachin entre os guerreiros (até melhor que o rei) apesar de ser um tanto vaidoso. Nessa passagem lembramos do Rei Davi, que venceu o gigante, sem falar que seu filho Salomão (de novo ele, rs) escreveu muito sobre vaidade no livro eclesiastes.
           
4.° O Leão promove um milagre devolvendo a calda do rato.
           
5.° Esse conto ja descreve a divisão da religião, o ateísmo, muitos desconheciam, zombavam ou desacreditavam na existencia do Leão.
          
 6.° Ao dizer que apenas duas crianças poderiam voltar a nárnia (tendo em vista que Pedro e Susana ja estavam mais velhos) somos obrigados a lembrar da passagem biblica de Lucas que Jesus diz: “vinde a mim as crianças, por que o reino de Deus é de quem se parece com elas” e “receberá o reino de Deus como uma criança se não nele não entrará”.
O próximo conto se chama “A viagem do peregrino da alvorada”, recente filme lançado pela Disney. Relata a aventura de Lucia e Edmundo, acompanhando de Eustáquio – o primo chato, culto e metido – em uma viagem nos oceanos de Nárnia. Eles ajudam Caspian na busca de 7 fidalgos (grandes reis) do passado, passam por muitas surpresas nas ilhas solitárias, entre as tempestades, na ilha das vozes, na ilha negra (ou ilha do medo) e no fim do mundo. Eustáquio, no conto, de início é um total descrente cético e no desenvolver (por onde passa por diversos apuros, principalmente quando se transforma em dragão) ele começa a crer no que vive e se transforma em um grande amigo do Leão.       Para um bom entendedor, o significado do nome do conto ja diz tudo: Trata-se de uma navegação!! Quem é que já não ouviu a frase “Navegar é preciso, viver não é preciso...”, pois bem essa parte são tratados ensinamentos para a vida. Confesso que achei tão expresso isso no filme que hoje tenho até dó da minha namorada (rrssr) pois quando eu fui ao cinema assistir o filme com ela eu me empolguei tanto que depois que terminou fiquei por volta de uma hora comentando sobre os ensinamentos morais passados (haja ouvido, haja saco pra me aguentar!!!kkkk). A histórinha resumida no paragrafo de cima enfatizou os locais de passagem da navegação pois remetem a simbologia da vida, vejamos: 1°- os “7 fidalgos”, para quem reconheçe [e para quem não reconheçe também, :P] o número 7 representa a Perfeição, visto que é muitas vezes usado na biblia e em nosso cotidiano com esse significado. É a busca principal da viagem, a nossa busca humana de atingir a perfeição. 2.° “Ilhas solitárias” é bem o que o nome diz, uma reflexão sobre a solidão humana e seus males – agressividade, falta de confiança e compaixão. 3.° “Tempestades” – as vezes passando por tribulações na vida e pensamos que vamos afundar, porem nosso barco resiste para viver mais um dia de sol! 4.° “Ilha das vozes” – quem é que não se deixa levar por vozes alheias?? Alguns vivem de opiniões, criticas ou conselhos “invisíveis” e acabam não vendo a verdade simples. 5.° “Ilha Negra” é o lugar onde os personagens devem vencer seus maiores medos, só assim conseguem salvar os 7 fidalgos – reflexão sobre vencer o medo para chegar perto da perfeição. 6.° “Fim do mundo” ou “terra de Aslam” é colocado muito bem como o fim da vida. Encontramos também um exemplo no personagem Eustáquio que no começo nega e depois vira um amigo do leão, remete ao apóstolo Paulo. Esse conto é considerado chave pois nele o Leão fala que está também em nosso mundo, mas com outro nome, acrescenta ainda: “Vocês têm que aprender a conhecer-me por esse nome. Foi por isso que os levei à Nárnia, para que, conhecendo-me um pouco, venham a conhecer-me melhor." Essa é a prova concreta da intenção evangelizadora do autor.
       Os dois ultimos contos “A cadeira de prata” – que fala do retorno de Eustáquio e uma amiga Jill a Nárnia, eles devem encontrar o filho de Caspian através dos sinais dado pelo Leão  -  e “a Última batalha” – fala sobre a confusão de um macaco e um burro que encontram uma pele de leão e o fazem passar pelo grande Lider. O macaco faz alianças com povos barbaros e esses tomam Nárnia como propriedade. Então mais uma vez o regente do mundo encantado pede ajuda aos humanos aqui do outro lado porém nem todos podiam mais voltar, acabaram tentando apelar peloa anéis novamente, mas um mágico acidente de trem transporta todos para o mundo encantado denovo. Apesar de todo o sacrificio da garotada eles não conseguem eliminar o estrago que o macaco e o burro fizeram, o Leão então decide acabar com Nárnia e transportar todos para seu pais onde viverão felizes para sempre, inclusive as crianças.
      Logo vemos que esses ultimos contos remetem bem ao “final dos tempos” ou apocalipse. No “A Cadeira de Prata” há apologia aos sinais dos céus, que os personagens acabam não reconhecendo e se perdem. Ja em “A última batalha” é o retrato do apocalipse, temos também a imagem do “falso profeta” que são, ironicamente, o Macaco (representando a malandragem) e o Burro  (preciso falar oque representa? Rs). O Leão acaba com o mundo encantado e transporta todos os merecidos para o Pais de Aslam, que também é o Fim do mundo, que interpreto como a morte, especificadamente neste caso o “céu”.   




Longo né? pois é... Porém muito interessante! Esta história tem uma ligação com as histórias de Tolkien (que falaremos num próximo post), tanto ele quanto Lewis eram cristãos, Lewis ainda foi considerado o "Elvis Presley" do cristianismo por sempre ter a proposta em suas obras. Espero que tenham gostado. Aproveitem para comentar sobre vossos pontos de vista.


Por Felipe Ramos.

19.3.11

Chaves: uma lição de vida - Final!!

   Até que, enfim, chegamos a análise final, saga do seriado "Chaves" com muitas revelações. Para quem não acompanhou clique aqui e leia desde o inicio. Neste ultimo post trataremos de alguns personagens adultos e do personagem principal da série, confira:


   Dona Clotilde. Uma Senhora (“senhorita!”) desprovida de beleza que mora na casa 71. A criançada morre de medo dela por conta do seu jeito ranhenta e pelas coincidências que acontecem, então ganhou das crianças o apelido de “bruxa do 71” (só uma bruxa mesmo poria ser apaixonada por seu Madruga, :P). Sempre com seu vestido azul, ela uma pessoa dedicada aos afazeres, muito prendada e solitária. Costuma ser grosseira e mal humorada com as crianças por conta do apelido que lhe deram.
      Porém, seu mau humor e grosseria é uma mascara para a mulher gentil e amorosa que é de verdade, que necessita de respeito e carinho e que busca alguém que lhe faça feliz. Pela má aparência física e pela boa índole, dona Clotilde representa o ditado “quem vê cara não vê coração”, mensagem essa passada também no desenho A bela e a Fera. Se julgarmos pelas cores de sua roupa (e peruca), sempre azul, e sua personalidade temos em Clotilde uma ligação simbólica com o Conservadorismo. Bom analisar também que ela é um outro exemplo de humildade, visto que possui a mesma condição financeira de dona Florinda porém não se considera superior aos outros da vila. A velha possui também uma ligação com oculta com chaves e a dica sobre isso é o número de seu apartamento 71 – 7+1 = 8, isso se dá porque ela representa a solidão que chaves também enfrenta. E ahh, só como curiosidade, ironicamente a atriz Angelines, que interpreta a personagem, faleceu aos 71 anos em 1994.

     Girafales é um modesto professor de escola primária. Seu nome é referência ao animal comprido, pois ele mede 1,95 m de altura. Comporta-se como cavalheiro, é elegante, culto, educado e romântico embora um tanto durão e prepotente. O Professor adora ensinar e, pelo cargo que ocupa, se mantém na posição do redentor da verdade. É o Educador do futuro da pátria, mas sempre se enfurece com a confusão das crianças, distribuindo castigos, impondo limites e expulsando alguns da sala de aula. As pessoas desconfiam de sua sanidade mental às vezes e sempre ele é ridicularizado pelas crianças que o apelidaram de “professor lingüiça”.
    Vemos no Professor grandes valores, porém é fato que ele “enrola” Dna Florinda, mas porque? Lembram do primeiro post onde falei de Dona Florinda, que a mesma representa a “Ordem”? Vamos analisar os fatos sociais: a Ordem funcionaría muito melhor se todos os cidadãos tivessem o Conhecimento desenvolvido por sua faculdade Intelectual (essa também é a explicação do por que dona Florinda muda de personalidade quando vê Girafales – lembrando que o encontro dos dois é também uma sátira ás novelas ou filmes de “melosidade” ou “dramalhões” – principalmente os mexicanos, reparem que sempre o texto é o mesmo e a trilha sonora é do clássico “E o vento levou”!), mas sabemos que isso não acontece pois existe uma falta de responsabilidade (a mesma responsabilidade que Girafales não quer ter com Florinda, pois nunca assumiu algo sério com ela) em nosso sistema de educação que é limitado, onde muitos ainda estão fora da sala de aula (foram expulsos?). Esse personagem expressa bem o “Orgulho intelectual” e/ou o Superego – lembram das frases “Enquanto tiverem os livros nas mãos, serão pessoas honradas, serão gente de bem, em outras palavras, serão como eu” ou “Eu jamais me engano, só me enganei quando pensei que estava enganado”. É curioso que sempre o prof. Girafales de como presente a Florinda somente flores (lembrando ainda que o nome dela é FLORinda), até o Quico uma vez disse: “toda vez é sempre flores! Não pode trocar? Dar uma jóia cara, um colar de diamantes ou um carro importado?”. É engraçado como as idéias sempre são parecidas, então para entenderem um pouco vou citar uma referência muito boa que é de autoria do cantor Geraldo Vandré: “pra não dizer que não falei das flores” com ênfase na frase “...e acreditam nas flores vencendo o canhão...”. Provavelmente a música não tem nenhuma ligação com o seriado, porém a idéia é a mesma.

    Sr. Barriga, o dono da vila, é também o cobrador de aluguel (e é assim que aparece em grande maioria dos episódios). Faz pose de durão, mas na verdade ele é um bonachão, receptivo, amigo, prestativo, risonho e simpático. Podemos dizer que também é cheio de compaixão pois sempre é recebido na vila com pancadas de chaves e mesmo perdendo a paciência ele gosta do menino, também com seu Madruga por nunca despejá-lo da casa.
Seu nome [engraçado] que da referência a uma parte do seu corpo é um símbolo do capitalismo selvagem, porém Sr. Barriga é um representante irreal de um valor utópico porque, como já disse e repito: existe nele compaixão e ele ainda é uma representação de solidariedade. Ele encarna assim o bom coração pois jamais tem a coragem de expulsar o inquilino inadimplente (mesmo quando chegou a fazer ameaças ele se compadeceu e voltou atrás na decisão).
     O seriado nos dá dicas da verdadeira profissão do Barriga, em um episódio (“A catapora de Chiquinha”) ele diz a seu Madruga que vai examinar a Chiquinha, por já ter exercido a profissão de médico. Na vida real o ator Edgar Vivar também é formado em medicina e exercia a profissão antes de ser chamado para o programa. Analisando socialmente a idéia de médico é sim uma boa representação do personagem também! Todas as característica do Sr. Barriga são as mesmas dos profissionais da saúde (ênfase em compaixão e prestatividade). A falta de coragem do cara para expulsar o inquilino inadimplente também pode ser um símbolo, pois o sistema de saúde deve (perante a lei) se estender a todos – citei a “lei” porque no episódio em que Sr. Barriga quer despejar seu Madruga da casa é justo a Dona Florinda que intercede por Madruga. Também temos que lembrar que Barriga sempre leva “pancadas” ao chegar na vila que, muitas vezes, o faz perder os sentidos mas ele sempre tem compaixão e continua gostando da criança que o fere pois sabe que não é algo proposital – creio que é assim também que acontece com os profissionais da saúde, quando chega lá um paciente todo arrebentado por que estava fazendo algo de errado eles devem perder a paciência com o fato, é quase como receber uma “pancada” pela falta de atenção ou responsabilidade do paciente, ex: “histórico do paciente: tentou pular o muro e quebrou o queixo”, qualquer um logo pensa “por que esse idiota foi pular o muro?”... Enfim, o profissional da saúde cuida do paciente do mesmo jeito pois, assim como o personagem, possui a idéia que o Ser Humano é a maior riqueza.

   Jaiminho, o carteiro, é um senhorzinho simplório que traz sempre um sorriso no rosto. É desajeitado e, mesmo não sabendo andar de bicicleta, sempre traz uma consigo para que não seja mandado embora do emprego. Tal personagem é o exemplo da Preguiça: nunca faz seu serviço e sempre pede para o destinatário pegar suas correspondências na mochila ou que entregue as outras cartas nas respectivas casas. A desculpa é sempre a mesma: “tenho que evitar a fadiga”.

    Chaves é o personagem principal do seriado. Um menino órfão de pai e mãe, com 8 (olha o número ai de novo) anos, que aparece na vila de estomago vazio. Inocente, meio tonto, genioso, bondoso, sensível, leal, sonhador, companheiro e esfomeado (rs). Apronta várias confusões “sem querer querendo”. Diz que mora na casa 8 (opa, não é por acaso, lembra do nome original do seriado: “o menino do oito”?) mas sempre que alguém decide perguntar com quem ele mora ou qual seu verdadeiro nome alguma coisa interrompe a conversa e o mistério permanece. Em um livro chamado “O diário de chaves” o autor Bolaños (o cara que interpreta o Chaves e também o diretor do programa) conta que Chaves morava em um orfanato, saiu, teve contato com alguns meninos de rua e andava pela cidade, mas começou a chover muito, foi quando entrou na vila e foi acolhido por uma senhora que vivia em uma das casas, porém essa senhora faleceu e o menino passou a viver em um barril e se tornou o xodó de todos da vila. Sem casa para morar, sem ter o que comer, sua riqueza material se resume em duas bolas de gude que guarda no bolso de traz da calça. Sua falta de alimentação e sua falta de atenção o impedem de ser um bom aluno. É também muito atrapalhado e vive se queixando “ninguém tem paciência comigo...”. Vira e meche Chaves se assusta e tem um piripaque. Quando alguém o chama para brincar ele fica todo afobado imaginando como será a brincadeira (zás, zás...!!) imaginação inclusive é uma de suas características mais marcantes.
     Chaves é, sem dúvida, a mais complexa representação do programa. Além de representar 650 milhões de crianças [de rua] ele é o retrato da Simplicidade! O autor deposita em Chaves toda uma filosofia de vida. O menino não tem brinquedos maravilhosos, não é nenhum gênio, não possui nada de material e mesmo assim vive Feliz. O signo da simplicidade é a receita do seriado, tanto na forma (na criação de cenários e tals) quanto no enredo. Chaves é o lado humano, contraditório (assim como esta análise é, como já disseram, rs), moral apresentado na série. Não é porque ele é o mais pobre que é o mais infeliz - é o contrário - tão pouco o menos amado! Ele passa fome todo dia mais é alimentado de sorrisos, imaginação e fantasia. A filosofia de Gandhi dizia que quando somos felizes, quando fazemos algo que nos deixa feliz com honestidade, produziremos meios de nos alimentar, assim não haveria fome. O menino deixa expresso que qualquer criança, em qualquer situação que esteja, tem direito a felicidade, pode ter amigos e ter uma infância repleta de brincadeira e risadas quando consegue transformar seu cotidiano por vontade própria – quem não adora ver as transformações dos objetos que Chaves usa para brincar: a vassoura que vira um brinquedo de equilíbrio; O recipiente de lata que vira um bilboquê; A caixa de sapato que vira caminhão; entre outros.
Apesar das fontes concluírem que o nome original do seriado “O menino do 8” ser atribuído pelo fato de que o programa foi primeiramente apresentado no canal 08 que depois foi incorporado pela a Televisa, concluímos [após essa lonnnga análise] que na verdade o “8” é um símbolo que designa a função do personagem. O “8” é uma representação do símbolo antiqüíssimo “∞” – infinito [ou lemniscata], que faz referência a "falta de fronteira" que é nada mais que a Felicidade. O número “8”, como ja demonstrei, aparece muitas vezes no seriado e atribui até ligações aos personagens. Uma observação clara é que Chavas é apaixonado por Patty, e chega até se corromper por conta dela, é uma demonstração de que a simplicidade pode se perder quando deseja a nobreza, o nome Patty é usado até hoje para determinar riqueza ( vem do termo “Patrícios” que em Roma significava “Nobre”).

Considerações Gerais:

Como eu já disse também, após analisar os personagens todos nos identificamos com suas características: Chiquinha = vaidade; Quico = necessidade de poder; Madruga = comodismo; Girafales = orgulho; Florinda = necessidade de ordem; Pópis = egoísmo; Clotilde = solidão; Barriga = compaixão; Jaiminho = preguiça e Chaves = simplicidade. O seriado faz alusão a vida harmônica entre pobres e ricos (estão na mesma escola, mesmas festas....), altos e baixos, gordos e magros e igualdade entre homens e mulheres - o que pode ser também o sentido simbólico do número 14 que, quando unido ao símbolo “∞" do infinito chegamos diretamente ao significado mistico de um Arcano Maior (no Tarot ou na Kabala ele é o n.° 14 e tem o sinal do infinito) que é o “equilibrio universal” da existência humana em si. O número 14 também é a ligação entre seu madruga (sua dívida) e Dona Florinda, faz todo o sentido se pensarmos pelo fato de que Florinda sendo a “Ordem ou a Lei” pode interceder (coisa que ela faz) para que ele permaneça morando no local (o artigo 25 dos direitos humanos é o “direito a moradia”).


E zefini minha gente! Espero que tenham gostado, que comentem e que acompanhem o blog. Toda a semana temos posts novos onde falaremos de filmes, desenhos, seriados, livros e programas, fiquem ligados!!

18.3.11

o Filme da vida.

"...Já me perguntei o porque de se realizar um filme... e, segundo um amigo, 'professor de melancolia', um filme deve ser feito quando surge a necessidade de transformar em imagens o que nos pesa no coração. Ainda que a maioria busque explicações para todos os quadros e todas as falas, aquilo que não se explica, aquilo que fica no ar, qua apenas precisava ser concretizado, é o que mais importa..."
Polly

Esse foi o melhor definição que encotrei sobre tudo que discutimos aqui!! Aproveito para convida-los a assistir os videos selecionados no blog (ao lado direito) tem tudo a ver.

15.3.11

Chaves: Uma lição de vida - parte 02

Voltamos a nossa análise sobre o seriado humoristico Chaves, para quem ainda não leu clique aqui e leia a primeira parte. Neste segundo post vamos falar sobre as crianças da vila. Acabei não colocando alguns personagens secundários pois são relevantes a história, porém podemos gerar discussão sobre eles também, se aguém tiver afim é só comentar.

Chiquinha, a melhor amiga de Chaves, uma menina de oito anos, que diz o que vem na cabeça sem esconder sua opinião, é determinada e decidida. Podemos considerar que ela é a mais esperta das crianças da vila. Com sua lábia sempre faz os meninos e meninas de bobo e, vira e meche, ela tira o pirulito do Quico ou as balas de caramelo da Popis (fácil como roubar doce de criança, rs!). Apesar de pobre, Chiquinha é muito mimada e sempre pede dinheiro ao pai para ir até a venda da esquina, e o Pai (“Madruguinha linnndo meu amorr”) mesmo sempre não tendo - às vezes nem pra comer - acaba fazendo o gosto da filha. Ela nutre um amor platônico por Chaves e adora a Avó Dona Neves (com quem também se parece fisicamente e no jeito de ser). Possui uma personalidade dominadora e características feministas convicta.
      Assim sendo, Chiquinha parece representar a Vaidade! É fácil entender se analisarmos como seu Madruga (como já disse no post anterior representa “o povão”) sempre se rende a seus pedidos (pois também é sua filha, foi CRIADA por ele, pois sua esposa morreu no parto)... Da mesma forma nós, o “povão”, nos rendemos a vaidade, comprando coisas mesmo quando não podemos, não é mesmo? Mas se olharmos por outros ângulos também podemos comprovar isso: escrevi ali em cima “com sua lábia sempre faz os meninos de bobo” – Chiquinha usa de chantagens emocionais para conseguir as coisas dos outros, igualmente nossa vaidade nos afeta; “Nutre amor platônico por Chaves” – chave simbologica importante essa, serve até para reflexão pois todos nós desejamos uma “vida simples e de felicidade” prova disso são todas nossas [recentes ou não] filosofias de vida “carpe dien”, “sustentabilidade”, “permacultura” e muitas tantas outras... Ainda não posso esquecer da “personalidade dominadora e feminista” – muito característica da “vaidade”, tendo em vista que a mídia usa muito a mulher para expressar esse tipo de sentimento: mulher = vaidosa. (por que será que em lojas como a C&A, Pernambucanas, Renner, etc, o primeiro piso é só de roupas femininas???). A Vaidade respeita também as tradições, portanto a vó de chiquinha é um simbolo do respeito, visto que também a semelhança das duas é uma reflexão de que vaidade nunca muda, está presente na vida humana desde os prímórdios (Salomão em seu livro Eclesiastes já dizia!).Chiquinha também representa psicologicamente o “ID” – conjunto de energias que determina os desejos do sujeito – pelas características impulsivas.

   Quico, garoto que mora no apartamento 14 (perai, 14 também não é a quantidade de meses que seu madruga deve o aluguel??? falaremos disso maia a frente!), tem muitos brinquedos, adora causar inveja, é interesseiro e só compartilha algo com seus amigos se esses tem algo a oferecer. Quer estar sempre por cima e é comum o ver sair de sua casa sempre com a versão mais avançada de um brinquedo que Chaves está usando (lembrem-se desse fato, é importante mas só será explicado quando falarmos de Chaves) bem ao estilo “eu tenho e você não tem” . Não admite ser derrotado e até chega a negociar sua ascensão em troca de sanduiches de presunto. Quico sempre se prepara para realizar alguma ação colocando um pouco de saliva nos dedos e passando-as nas orelhas. Adora ganhar presentes de sua mãe e deseja que isso aconteça todos os dias.
Quico é, sem dúvida, a visão que o autor tinha das classes altas, a riqueza, que sempre adora esnobar da pobreza. Ele expressa muito bem isso, primeiro porque Quico é filho de Dona Florinda e isso é uma critica social pois, como já expliquei no post anterior, a mulher representa a Ordem ou a Lei, e Quico é filo dela, é o protegido. A riqueza (o capital se quiser chamar assim) age sempre por interesse, assim como o personagem, não admite perdas e negocia sempre uma forma para lucro. Analisando bem, o personagem também passa talvez um ensinamento com alusão que a riqueza depende de Planejamento “quico sempre se prepara para realizar alguma ação colocando um pouco de saliva nos dedos” e Pesquisa de mercado (ouvir o cliente) “e passando-as nas orelhas”. Ahh, eu já ia me esquecendo, é uma observação bem legal que o autor coloca também: todos lembram que sempre que Quico brinca com carrinhos ele faz questão de causar acidentes de trânsito fazendo até “trilha sonora” pra ação? Pois bem.. esse fato nem vou explicar, fica para reflexão [comentem]! :P

    Nhonho. Esse garoto é praticamente um personagem secundário pois não aparece com tanta freqüência como as outras crianças. É filho do Sr. Barriga. Muito aplicado no colégio mas não costuma se gabar por isso.
    Segundo a tradução de seu nome em espanhol “ñoño” significa “Inseguro/tímido/ingênuo e é exatamente isso que o personagem representa. Talvez até pelo fato de ele ser gordo é uma contribuição para a caracterização do personagem Nhonho. Porém encontro nele o contraponto de Quico: mesmo Nhonho sendo rico e inteligente (exatamente tudo que Quico quer) ele brinca com as outras crianças normalmente, sem querer aparecer. Nisso o autor mostra o outro lado da riqueza (a riqueza verdadeira) que é a humildade.

    Pópis é sobrinha de Dona Florinda, também é um tipo de personagem secundário que não aparece em todos os capítulos. Pópis é uma menina boba e briguenta. Normalmente ela não brinca com os outros para não se sujar, sempre esconde a “cola” da prova por debaixo da saia (sátira ao termo “debaixo dos panos” rs), ela sempre coloca a culpa dos acontecimentos ruins em sua boneca e quando sim lhe da umas palmadas (“Serafina que coisa feia, feia e feia”). Pópis se sente ameaçada sempre com poucas coisas e sempre é a primeira a acusar os outros (“eu vou contar tudo pra minha mãe” / “conta tudo pra sua mãe Quico”). Concluímos assim que Pópis é a representação do Egoísmo, ela não admite seus erros, mas é a primeira a atirar a pedra.

Mais uma vez, por conta da extensão e complexibilidade do assunto, estarei deixando o final para um próximo post! Clique no link abaixo e confira o final.

 
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12.3.11

Chaves: uma lição de vida - Parte 01

O Programa com o nome original “El Chavo del Ocho” ("O menino do oito" - guardem esse nome!), mais conhecido como  “Chaves” no Brasil, é uma série de televisão humorística de origem mexicana criada e estrelada por Roberto Gómez Bolaños, exibida no México entre 1970 á 1980 e no Brasil a partir de 1980.

Entendendo o Enredo:

A história gira em torno das aventuras de Chaves, um menino órfão humilde que mora dentro de um barril, e dos outros moradores de uma vila suburbana fictícia. Lá, ele deve conviver com os particulares moradores e vizinhos, com os quais sempre está envolvido em divertidas situações.

Mas por que a expressão “uma oculta lição de vida”?

Todos nós nos divertimos com o seriado, porém não se trata apenas de humor. Analisando: Por que retratar a vida de personagens “marginais” como: velhos, crianças, profissionais decadentes e malandros , ainda mais como personagem principal um menino órfão que passa fome e sequer tem um lar? Essa é a chave da mensagem que Bolaños tinha na cabeça: ele criou um cenário perfeito que retrata até hoje o cotidiano de muitos através de simbologias características, sociais e até numéricas.    
Analisando melhor os personagens notamos que todos nós nos identificamos com os aspectos da personalidade de alguns, ou talvez tenhamos até um pouco de todos. Vejamos:
Dona Florinda é uma viúva desgostosa da vida. Sabemos que ela é uma bela mulher, porém sempre se veste de forma ultrapassada, de um jeito que parece que se esqueceu de si mesma. Acha que é da alta sociedade e trata os vizinhos como “gentalha”, não perde a pose de granfina e sempre fala que um dia irá se mudar da vila. Ríspida, grosseira, age no grito e parte pra ignorância quando vê o filho choramingar sem saber a causa certa. É trabalhadora, e seu objetivo é manter a ORDEM.
      Dona Florinda é nada mais que o símbolo da Lei! Se você, leitor, não percebeu, releia novamente o parágrafo acima e compare com nosso regimento, não tem as mesmas características? A lei foi feita para proteger, para servir a todos, ser “bela”, entretanto como não é bem cuidada ou, quando seu “cabelo” demora muito tempo para ficar pronto, a lei – igual a dona Florinda – anda por ai “de Bobs”, é vista como “feia” e assim fica mal humorada e grosseira. Porém há controvérsia: quando Florinda vê o Prof. Girafales sua personalidade muda. Por que? Falaremos disso mais adiante.      


Seu Madruga é um homem simples, normalmente aparece vestido com sua básica camiseta preta, calça jeans surrada, tênis e seu chapéu. Nos primeiros capítulos originais era chamado de “Don Ramon”, pois é interpretado por Ramon Valdes  (da pra lembrar a famosa banda Ramones, reparem a semelhança nos trajes e características – : p.). Madruga é o típico cidadão que não concluiu a escola e tem pouca instrução.  Vive se queixando de que não possui oportunidades na vida, porém ele não procura emprego (foge disso mais que diabo foge da cruz), fica em casa vadiando e deixando passar as oportunidades que a vida lhe oferece. Quer mais que tudo na vida viver bem sem precisar trabalhar. Ao contrário de seu nome “Madruga” (que é até uma sátira o velho ditado “Deus ajuda quem cedo madruga”) ele gosta de acordar tarde. Vive com o aluguel atrasado e foge ou da desculpas ao cobrador. Apanha praticamente todos os dias de Dona Florinda (mesmo quando não tem culpa) e acaba se enraivecendo quando, além dos tapas, ainda é humilhado. É seduzido pelos dotes culinários de Dona Clotilde (bruxa do 71) porém foge da véia mais do que culpado quando vê a polícia. Tem um amor secreto pela vizinha Glória, tia de Paty.
        Seu Madruga representa a massa, o povão, mais especificadamente a parcela do povo que não cumpre com suas obrigações de cidadão: o devedor (que é uma grande parcela, rs)... Quem de nós não quer ganhar a vida sem ter que trabalhar?? ele representa também a “
Teoria X” desenvolvida por Douglas McGregor que diz que “o ser humano tem repulsa natural ao trabalho e evitará sempre que puder, assumir responsabilidades”- Está ai a chave da mensagem [oculta] moral deste personagem. Se pensarmos bem, Seu Madruga é o cara que não quer trabalhar, mas é o que mais tem trabalho na vila, ele já foi toureiro, lutador de boxe, sapateiro, carpinteiro, fotógrafo, entregador, vendedor, cabeleireiro, treinador, pedreiro, pintor, entre outras. E mesmo que sempre querendo dar lições de moral nas crianças, daquelas do tipo “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço” o autor coloca em Seu Madruga a idéia de um exemplo (ou mau exemplo) para Chaves, posso dizer talvez um dos caminhos que ele pode seguir na vida,  visto que muitas vezes Madruga vê Chaves como um reflexo de sua infância e Chaves vê em Madruga a imagem de um pai.
      Assim como na vida real (novamente pensando no personagem como representante do povão) Madrugra que apanha de Florinda - que como já analisei acima representa a Lei - é como as massas prejudicadas [apanhando] das legislações vigentes que não dão nem tempo de defesa, principalmente a parcela do povo que possui débitos, que são mal vistos em todo local onde requer crédito, é mau vista pela lei sendo considerado “gentalha” e até é mau vista pela sua forma de vestir (quem é que nunca foi "discriminado' em uma loja ou shopping por estar vestido de forma simples?). Porém são pessoas que carregam tradição moral muito bonita, de educação, história, por isso sempre é citado a “Vovózinha” – “Seu madruga, sua vovozinha....?”, “E da próxima vez vá dar beliscões na sua vó”, é também uma chave simbologia social filosófica moralistica onde representa que o povo deve olhar para o seu passado, até mesmo a história de outras civilizações, lembrando de seu valor e para aprender com os erros. Como contei acima, uma  das fraquezas de Madruga é o estômago, bem clássico, pensei em dar um exemplo complexo da época da criação do seriado, mas acho que se eu lembrar das cestas básicas que são distribuídas em épocas de eleição todos já entenderam o recado.. rsrs. Ahh, todos lembram que Seu Madruga tem um amor pela vizinha “Glória” (o nome não é mera coincidência) tia de “Paty”, a mulher - como o nome já diz - representa grandeza, status, beleza, acima da riqueza, é tudo que ele sempre desejou, seu sonho de consumo.   

bom pessoal, para evitar uma leitura cansativa e para facilitar o entendimento da história que é complexa, estarei dividindo a análise em partes, para acompanhar clique no link abaixo e leia o próximo post.          
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Por Felipe Ramos

9.3.11

O Big Brother está te observando!

O reality show "Big Brother", desenvolvido pelo holandês John de Mol é, ainda hoje, uma febre em vários lugares no mundo, inclusive no Brasil. Muitos já sabem que o termo  "big brother" (grande irmão) surgiu da idéia principal do livro "1984" de George Orwell. Esse será um exemplo perfeito sobre o que chamamos de Mídia Secreta, vejamos:  
             "Guerra é paz,
Liberdade é escravidão,
Ignorância é força."

 Esse era o lema que o partido do Big Brother usava para controlar o povo (familiar não é? rs). No livro ou no filme conta-se a história de Winston, um apagado funcionário do Ministério da Verdade da Oceania e de como ele parte da indiferença perante a sociedade totalitária em que vive, passa à revolta, levado pelo amor. O Estado controlava o pensamento dos cidadãos, entre muitos outros meios, pela manipulação da língua e pelos ministérios:
O ministério da Verdade que cuidade da mentira na falsificação de documentos, literatura e informação; O ministério da Paz que cuidava da guerra;
O ministério da Fartura que cuidava da fome (trabalhava junto com o ministerio da verdade que divulgava índices de produção exagerados quando na verdade todos estavam sem comer);
O ministério do Amor que era responsável pela espionagem, controle do povo e promoção do ódio atravez de julgamentos, torturas e lavagens cerebrais.
Os cidadãos eram manipulados o tempo todo, não podiam pensar, se expressar ou ter sentimentos humanos.. Eram instaladas câmeras em suas residências e o Grande Irmão controlava tudo.
Diariamente, os cidadãos deveriam parar o trabalho (ou oque estivessem fazendo) para adorar a figura do Grande Irmão que passava na "Teletela". A idéia de reality show foi pela primeira vez apresentada no filme Show de Truman.

Analisando:
    Em uma visão menor o "Grande Irmão (big brother)"  na verdade, é o apresentador do programa. Ele é o único contato que os participantes tem com o mundo fora da casa. Além disso, como por exemplo na versão brasileira com Pedro Bial, o apresentador também assume a função de grande irmão ao instruir psicologicamente os participantes. É curioso notar que como no livro "1984", quando os participantes do  programa BBB veem a imagem do apresentador na tela, esses o enaltecem da mesma forma que a população da história da faz com o Grande Irmão, personagem do livro, quando esse aparece na teletela. 
    Claudio Silva, brasileiro, filmmaker que participou na criação do Big Brother Holandês, em 1999, define o formato Big Brother atual como um comercial 24 horas interminável (assim como no livro). Os telespectadores votam por telefone, pela internet e via SMS para eliminar os membros não pela atratividade e interatividade do show mas pelo tédio de seus personagens.

Mas é só isso??

Nãooo!!! No livro o autor expõe uma teoria: o objetivo do Grande Irmão é manter o poder das classes altas, limitando o acesso à educação, à cultura e aos bens materiais das classes baixas. A manipulação da informação serve para destruir os bens materiais produzidos pelos pobres e para impedir que eles acumulem cultura e riqueza e se tornem uma ameaça aos poderosos. 
Coincidência ou não, o controle dos cidadãos é o que nossos governantes mais querem, o Big Brother então, hoje, juntamente com outros programas, novelas e comerciais, funciona como um controle de pensamento e tendencias de nossa geração. Ocultamente vivemos sob o domínio dos mesmos ministérios citados acima. Quem é que não viu alguem usando exatamente a roupa que a participante do programa usou naquela semana? As conversas na escola, serviço e espaços públicos são geralmente voltadas a que? e quanto as revistas de fofoca e fotografia não ganham em cima disso? pensem "IGNORÂNCIA É FORÇA" pra quem?...

por Felipe Ramos 

6.3.11

Midia secreta em Pica-Pau

Quero começar com a análise do mais clássico de todos os desenhos animados exibidos no Brasil desde a década de 60, o Pica-Pau. O Pica-Pau foi o primeiro desenho animado a ser exibido na TV brasileira, na extinta TV Tupi.
Vamos primeiro entender a história:
O desenho foi criado por Walter Lantz em 1939, com a idéia principal voltada para o personagem Andy Panda, porém Lantz queria um personagem que o tornasse uma estrela completa então em 1940 ele e sua equipe criaram um adversário figura para o Panda lidar: um pica-pau.  A primeira versão era muito mais perversa e psicótica que as posteriores (refeitas nos anos 45/50/60/90), é a que chamamos habitualmente de Picapau louco. Em 1944 foi introduzida outra importância na carreira do Pica-Pau: seu rival de longo tempo, Leôncio (Wally Walrus), no episódio clássico "Praia de Noz" (The Beach Nut). As versões posteriores eram mais comportadas, apesar das peripécias malucas do nosso amigo emplumado. Frequentemente haviam outros personagens na trama como Meany Ranheta,  Zé Jacaré, Zeca Urubu entre outros.
Vamos agora a uma breve análise:
1.ª parte: o Panda.
 Começando pela arte gráfica, assim como em outros muitos desenhos, fica obvio que Lantz faz uma apologia ao Estados Unidos, colocando no personagem as cores da bandeira (azul, vermelho e branco).. Vimos na histórinha ali em cima (fontes: site oficial do pica-pau no brasil e wikipédia) que, coincidência ou não, o desenho foi lançado no mesmo ano que emergia uma [segunda] guerra mundial, tal qual os EUA participava. O personagem "Andy Panda" - que antes da criação do pica-pau era o protagonista, passa a ser prejudicado pelo passarinho que aparece em um capitulo de estréia entitulado "tok-tok" fazendo buracos na casa de Andy Panda. Interessante que sempre que lembramos de Ursos pandas (os gigantes ou os pequenos) lembramos dos paises asiaticos, principalmente china e japão, pois é onde eles vivem (ou pelo menos vivam até recentes estudos que apontam extinção) não é? Pois bem, novamente coincidencia ou não (rs), a China, o Japão e outros paises asiáticos estavam tambem envolvidos na guerra, e os EUA estava "fazendo buracos no telhado" desses países.
2.ª parte: Leôncio.
Foi o segundo personagem introduzido ao desenho, notem a data, isso é muito importante, nesse tempo estamos vivendo o final da segunda guerra e os EUA começa uma disputa com a URSS (união soviética) fato que sucedeu a guerra fria. Leôncio tem todas as características dos países soviéticos, começando pelo sotaque, pelo animal com que é representado ("leão marinho" ou "morsa", tipico de países gelados) e ainda [piração minha ou não, rs] o seu simbólico bigodinho que se parece muito com o de Stalin (confiram) que foi uma das principais figuras soviéticas da época e idealizador da guerra fria.
3.ª parte: outros personagens - Meany Ranheta,  Zé Jacaré, Zeca Urubu:
Ao longo do tempo foram aparecendo mais personagens no desenho, "Zeca Urubu", dentre os descritos acima, foi o primeiro a aparecer. É um tipico malandro, vigarista que  quer levar vantagem em tudo... normalmente em suas aparições o Urubu é um viajante ou comerciante que não tem moradia fixa (inclusive em capitulos como os do velho oeste , Zeca é um tipo de andarilho que corre 4 cantos do mundo buscando se dar bem). Com um olhar sociológio da época [e até o de hoje] conforme descrição acima este personagem representa nada mais que a visão dos EUA sobre os países Sub-desenvolvidos, são "urubus" que querem tirar sua riqueza. Até hoje vemos pessoas que são de originárias de países pobres ir trabalhar ou estudar nos EUA para conseguir "vencer na vida" e depois retornar (alguem lembrou da novela "América", kkkkk) Ahh, sem falar que Zeca Urubu parece ser adepto da famosa"Lei de Gerson" introduzida na cultura brasileira (se bem que o próprio pica-pau tem muita malandragem também). Já o Zé Jacaré é uma associação interna, muito parecido com a idéia do Zeca Urubu, é um Jacaré preguiçoso que vive atraz de comida e sempre passa necessidade pois depende da natureza para sobreviver, porém ele satiriza o próprio "estadounidense". Zé representa os "caipiras" dos EUA (reparem no sotaque - que tambem existe na dublagem americana, e tambem na chave simbológica do clássico episódio "vodoo" que era praticado, assim como no brasil, pelos antigos "benzer" etc), aqueles que decidiram viver ainda "excluidos" da sociedade, "viver no pantano". No desenho ele mora em Everglades, uma região norte-americana localizada na Flórida, é um tipo de reserva biológica intitulado "parque nacional" em 1947 e foi instituído como patrimonio mundial da UNESCO em 1979. Assim analisando as datas podemos atribuir tambem a Zé Jacaré uma peça politica de propaganda do parque nacional, visto para ser parque era necessário turistas e na época, não digo os caçadores, mas o povo em geral tinha medo de ir ao local por conta dos jacarés e crocodilos que vivem na região, Pica pau sempre derrotava o animal fazendo uma alusão ele não ofereçe perigo.
Não esqueci da Meany Ranheta, suas principais caracteristíscas são o nariz comprido, magrela, alta e sua personalidade ranzinza. Ela também é sempre prejudicada pelo Pica-Pau. Sua primeira aparição foi no episódio "Calling Dr. Woodpecker" o clássico do Dr. "Hans Chucrutes" (primeira chave simbológica), e depois nos clássicos que geralmente interpretava personagens de contos de fadas ou filmes, como Chapéuzinho vermelho, João e o Pé de Feijão e Jane Calamidade. Também atuou como arqueóloga e muitas vezes dona da pensão onde Pica-pau se hospedava. Sendo assim da-se a enteder que Meany representa a Europa (se pensarmos na "pensão"), mas especificadamente a Alemanha - visto pelo primeiro capitulo que aparece como ajudante do doutor "Hans Chucrutes" (nome alemão) e tambem em sua atuação nos episódios de conto de fadas alemães (irmãos Grimm). A Alemanhã foi rival dos EUA por muito tempo desde a época das guerras.
Parte 4 - considerações gerais:
01) Assim como Zé jacaré, existem outros personagens como os indios e o coiote bastante presentes, que representam a população "caipira" ou "antiga" fraca.
02) O autor,  Lentz, afirma que a inspiração para a criação do personagem se deu na sua lua de mel onde um passaro pica-pau furou o telhado da casa de madeira onde estava hospedado, porém isso é apenas um conto Hollyoodiano pois o personagem foi criado, como falei no começo, em meados de 1939 e 1940, e Lentz se casou apenas em 1941. (humm, nesse mato tem coelho!)


Bom, por hoje é só pessoal! esperam que reflitam sobre e comentem também sobre suas teorias.
Não se esqueçam de sempre ver as coisas com outros olhos.
Felipe Ramos